terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Profissão "MÃE"

PROFISSÃO "MÃE"
Ana foi renovar a sua carta de condução. Pediram-lhe para informar qual era a sua profissão.
Ela hesitou, sem saber bem como se classificar:
- “O que eu pergunto é se tem um trabalho?”, insistiu o funcionário.
- “Claro que tenho um trabalho”, exclamou Ana. – “Sou mãe.”
- "Nós não consideramos 'mãe' um trabalho. Vou colocar Dona de casa.", disse o funcionário friamente.

Não voltei a lembrar-me desta história até ao dia em que me encontrei em situação idêntica...
A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.
- “Qual é a sua ocupação?” Perguntou.
Não sei o que me fez dizer isto, as palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora:
- “Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas.”
A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar para o ar e olhou-me como quem diz que não ouviu bem... Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.
- “Posso perguntar”, disse-me ela com novo interesse, “o que faz exactamente?”
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder:
- “Desenvolvo um programa a longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipa (a minha família) e já recebi quatro projectos (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda???), o grau de exigência é em nível de 14 horas por dia (para não dizer 24 horas).”
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária que acabou de preencher o formulário, se levantou e pessoalmente foi abrir-me a porta.
Quando cheguei a casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipa: - uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3. Do andar de cima, pude ouvir o meu mais recente projecto (um bebé de seis meses), a testar uma nova tonalidade de voz. Senti-me triunfante.
Maternidade... que carreira gloriosa!
Assim, as avós deviam ser chamadas “Doutora-Sénior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas”
As bisavós: “Doutora- Executiva-Sénior”.
E as tias: “Doutora – Assistente”.
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras.
Doutoras na Arte de fazer a vida melhor!!!

1 comentário:

  1. Eu sou "Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas” há 5 anos e é o "trabalho" mais nobre e exigente que existe. Se alguem me diz que não faço nada eu vou-me a eles ;)
    Bj

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Digam de vossa justiça...

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